E.E "Pedro de Mello" Filosofia - Professor Ednilson

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TEXTO PARA O TERCEIRO ANO


FILOSOFIA E CIÊNCIA

A Ciência

Existe uma grande diferença entre as nossas certezas cotidianas (ex: a família sempre existiu; o mundo foi criado de uma só vez; existem raças de seres humanos, etc) e o conhecimento científico. O objetivo desta aula é tentar desvendar como e por que ela existe.

O senso comum (saberes cotidianos) pode ser definido a partir das seguintes características:

·         São subjetivos
·         Levam a uma avaliação qualitativa das coisas
·         São individualizadores
·         São generalizadores
·         Tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas e fatos
·         Não se surpreendem nem se admiram com a regularidade, constância, repetição diferença das coisas
·         Equiparam a investigação científica à magia, por considerar que ambas lidam com o desconhecido
·         Costumam projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angústia e de medo diante do desconhecido (ex: na Idade Média, as pessoas viam demônios por toda a parte, hoje vêem discos-voadores)
·         Cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca

A Atitude Científica

O conhecimento científico se opõe ao senso comum, desconfiando das certezas cotidianas e transformando-as em problemas, obstáculos. O conhecimento científico:

·         É objetivo, pois procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas
·         É quantitativo, ou seja, busca medidas, padrões, critérios (ex: comprimento da onda luminosa, intensidade dos sons)
·         É homogêneo, isto é, busca leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para fatos que nos parecem diferentes (ex: lei universal da gravitação)
·         É generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida.
·         É diferenciador, pois não reúne nem generaliza por semelhanças aparentes
·         Só estabelece relações casuais depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado (ex: peso de um corpo depende do campo gravitacional onde se encontra)
·         Surpreende-se com a regularidade, a constância, a freqüência, a repetição e a diferença das coisas (ex: um eclipse, um terremoto, um furacão)
·         Distingue-se da magia
·         Afirma que, pelo conhecimento, o homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no mundo e nos outros.
·         Procura renovar-se e modificar-se continuamente

ð  Enquanto o senso comum é baseado em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas,  a ciência baseia-se em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional.

As três principais concepções de ciência são:

·         Racionalista: estende-se dos gregos até o final do século XVII, e afirma que a ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar nenhuma dúvida. (ex: matemática)
·         Empirista: vai da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX, e afirma que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento. Destaca-se o papel da experiência, que não tem o papel de verificar e confirmar conceitos, mas de produzi-los.
·         Construtivista: iniciada no século XX, considera a ciência uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade. O cientista combina os procedimentos vindos do racionalismo e do empirismo, e acrescenta um terceiro, vindo da ideia de conhecimento aproximativo e corrigível




A Filosofia das ciências

            Estuda as mudanças científicas, e impôs um desmentido à ideia de progresso da ciência. Isso não quer dizer que vê a ciência num processo de regressão, mas que as elaborações científicas e os ideais científicos são descontínuos. Como exemplo, podemos citar a física. Se compararmos as físicas de Aristóteles, Galileu e Einstein, não estaremos diante de uma mesma física que teria evoluído ou progredido, mas diante de três físicas diferentes. Esse processo foi denominado pelo filósofo Gaston Bachelard de ruptura epistemológica. => epistemologia = epistême (ciência) + logia (conhecimento sobre) è conhecimento filosófico sobre a ciência

A ciência contemporânea é construtivista. Segundo Karl Popper, uma teoria científica é boa quanto mais aberta estiver a fatos novos que possam tornar falsos os princípios e os conceitos que em que se baseava, ou seja, a teoria vai sendo corrigida por fatos novos que a falsificam.

As ciências humanas

            A percepção de que os homens são diferentes das coisas é bem antiga, porém as ciências humanas propriamente ditas são bem recentes. Passa pelo humanismo do século XV, pelo positivismo do século XIX e pelo historicismo do século XX. Seus campos de estudo são: Psicologia, Sociologia, Economia, Antropologia, História, Linguística e Psicanálise.

Ciência desinteressada e utilitarismo

            Desde a Renascença duas concepções sobre o valor da ciência estiveram sempre em confronto. O ideal do conhecimento desinteressado afirma que o valor de uma ciência encontra-se na qualidade, no rigor e na exatidão, na coerência e na verdade de uma teoria, independentemente de sua aplicação prática.  O utilitarismo afirma, ao contrário, que o valor de uma ciência encontra-se na quantidade de aplicações práticas que possa permitir.

ð  As duas concepções são verdadeiras, mas parciais.

O cientificismo

            Grosso modo, pode ser definido como fusão entre ciência e técnica e a ilusão da neutralidade científica.Tal fusão é operada pelo senso comum, que tende a associar a  ciência com os resultados de suas aplicações. É a ideia de que a ciência pode e deve conhecer tudo. Outro mito do senso comum relacionado à ciência é o de que ela seria neutra. Isso é ilusório, porque ao escolher seu objeto, o cientista decide usar determinado método esperando obter certos resultados. Isso não é de modo algum uma atividade neutra e imparcial, mas feita por escolhas precisas.

Confusão entre ciência e técnica

            Devido a considerar apenas os efeitos mais imediatos da ciência, ou seja, os objetos tecnológicos usados no cotidiano (ex: computador, máquina de lavar, etc.), o senso comum desconhece que ela passou a fazer parte das forças econômicas e produtivas da sociedade que trouxeram mudanças sociais, e que governos e empresas financiam grandes pesquisas. Por não compreender o poderio econômico das ciências, lutamos para ter acesso e consumir os objetos tecnológicos, mas não para ter acesso ao conhecimento e ao direito de decidir seu modo de inserção na vida econômica e política de uma sociedade

O problema do uso das ciências

            Em razão de ter se tornado parte de forças econômicas e produtivas, a ciência passou a ser pesadamente financiada por governos e empresas, o que na prática sufoca a liberdade do pesquisador. Ela pode criar novas profissões e encerrar antigas, criar dilemas morais, como é o caso da genética, e uma série de consequências graves para a sociedade. Mas essa está cada vez mais longe de poder influenciar os rumos das pesquisas,  visto que seus rumos são definidos muito antes de se iniciarem, por organizações com grande poder econômico, o que faz a balança pender para o lado do cientificismo.

Um comentário:

  1. OS OUTROS TEXTOS PARA PROVA ESTÃO NO CADERNO DO ALUNO! TEXTOS SOBRE LIBERTARISMO!!

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