E.E "Pedro de Mello" Filosofia - Professor Ednilson

terça-feira, 16 de outubro de 2012

TEXTOS PARA O 2 ANO--TEXTO 3 FILOSOFIA E GÊNERO E FILOSOFIA E EDUCAÇÃO


TEXTO 3
FILOSOFIA E GÊNERO
O objetivo, neste momento, não é reforçar as diferenças biológicas. Também não se deve reforçar a divisão social do trabalho e do lazer. O gênero sexual deve ser encarado como uma questão ética e política, ou seja, refere-se a ações de indivíduos (ética pessoal) e também a ações coletivas (política) que implicam respostas e soluções sociais para construção de convívio democrático, sem discriminações de natureza sexual. Tendo em vista que essa reflexão está enraizada profundamente na cultura.
Em meio à Revolução Francesa, foi proclamada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Durante os debates sobre essa declaração, Olympe de Gouges elaborou aquela que incluía “os Direitos da Mulher e da Cidadã”, pois, apesar de se procurar a igualdade universal, as mulheres não estavam nela inseridas nem mesmo teoricamente. A sua atitude revela que o direito inscrito em uma lei não significa direitos objetivados no mundo cotidiano. A igualdade da lei pode significar apenas igualdade de alguns; no caso, igualdade entre os homens. Isso significava que apenas os homens eram cidadãos, e as mulheres não. Era preciso declarar que as mulheres eram cidadãs e deveriam exercer os seus direitos.

Declaração dos direitos da mulher e da Cidadã - Olympe de Gouges 1791
Mulher, desperta-te; a força da razão se faz escutar em todo o universo; reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismo, de superstição e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da tolice e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação a sua companheira. Oh mulheres.

Marie Gouze, a Olympe de Gouges (Feminista francesa ) 1748 - 1793
Feminista francesa nascida em Montauban, próxima à Toulouse, sul do país, que liderou um movimento por uma vida mais digna para a mulher durante a Revolução Francesa (1789). De origens na pequena burguesia e apesar de muito inteligente e bonita, teve uma educação muito pobre. Semi-analfabeta não sabia ler corretamente como também escrever, e depois ditou todo seu trabalho para seu secretário. Apesar dos seus múltiplos problemas, moveu-se para Paris como uma pré-revolucionária e adotou o nome de Olympe de Gouges, que julgava soar mais atraente e aristocrático. Na capital buscou contato com círculos mais finos e culturais e os salões. Com o apoio de um amante que era autor de teatro, aceitou a difamação de ser chamada de prostituta para alcançar seu sonho que era de se tornar escritora. Atuou no Comédie Francaise, o conservador teatro francês apoiado pelo rei. Uma de suas primeiras peças em Paris tornou-se um assunto político imediatamente. Era uma peça sobre a escravidão nas colônias: L´Esclavage dela ao Nègres. Ganhou a ira do Prefeito de Paris o que a fez escrever com mais vingança. Participou ativamente das atividades revolucionárias (1789) e visitou as sessões de assembléia nacional regularmente. Ela transformou suas idéias em sugestões para medidas sócio-políticas e se tornou o foco de discussão por toda Paris. Com a publicação de seu artigo Declaração dos Direitos de Mulheres e Mulheres Cidadãs, tornou-se a primeira pessoa a formular um documento compreensivo sobre direitos humanos de cidadãos. O documento causou excitação ao longo da França e no estrangeiro. Seu documento As Três Urnas ou O Bem-estar da Pátria a conduziram a prisão, acusada de partidária dos Girondistas, partido excluído do governo. Neste livro defendia um referendo sobre três possíveis formas de governo: republicano, federativa ou monarquia. O mais grave ainda para os radicais, ela tinha defendido o rei publicamente, alegando razões humanitárias e pregando uma reforma de sociedade com palavras, pela razão e não com violência. Como feminista publicou textos sobre os direitos da mulher, afirmando que se elas poderiam ser levadas ao calabouço, também tinham o direito de subir na tribuna política. Levada ao tribunal revolucionário, acusada de propaganda para reinstalar a monarquia, foi julgada, condenada à morte e guilhotinada (1793). Porém suas idéias não morreram e alguns anos depois fez surgir nos EUA outras manifestações, como a de Margaret Fuller (1810-1850), uma das primeiras jornalistas femininas.

Judith Butler (24 de fevereiro de 1956, Cleveland, Ohio) é uma filósofa pós-estruturalista estadunidense, que contribuiu para os campos do feminismo, filosofia política e ética. Ela é professora da cátedra Maxine Elliot no Departamento de Retórica e Literatura Comparada da University of California em Berkeley.

Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir (Paris, 9 de janeiro de1908 — Paris, 14 de abril de 1986), foi uma escritora, filósofa existencialista e feminista francesa. Escreveu romances, monografias sobre filosofia, política, sociedade, ensaios, biografias e uma autobiografia.

Gênero
Questões:
O que faz um homem ser homem e uma mulher ser mulher – o corpo, o pensamento ou a sociedade? Quem decide as funções sociais da mulher e do homem – o corpo, o pensamento ou a sociedade?
Dialogar e ler – direitos da mulher
Para Simone de Beauvoir, a condição da mulher é uma escolha dos homens apoiada pela submissão das mulheres. Para a libertação das mulheres, elas devem assumir a responsabilidade de mudar a situação de submissão, pois são seres livres, e só ficarão submetidas ao preconceito social por escolha própria.
A única libertação possível das mulheres virá da política, isto é, da união das próprias mulheres. Elas precisam se encontrar, reconhecer seus problemas, partilhar ideias, o que quer dizer que precisam lutar juntas. Não há como ser diferente, pois não se pode esperar que todos os homens abram mão dos seus privilégios pelas mulheres. Para essa filósofa, não se trata de colocar as mulheres contra os homens, mas de colocá-las contra o machismo. Contra as situações de opressão.
Dialogar e escrever – Filosofia e gênero
Para a filósofa Judith Butler é a sociedade que define as identidades do homem e da mulher. O corpo físico é só o espaço em que a sociedade define a sua divisão de trabalho. Homens fazem isto, mulheres aquilo. Em outras palavras, ninguém nasce homem ou mulher, sendo a sociedade a responsável por ensinar as crianças a ser homens e mulheres.
Será que existe uma determinação genética que afirme que meninas deverão lavar louça enquanto os irmãos podem jogar bola? Ou que as mulheres não deveriam ocupar cargos de chefia? Quando se divide o mundo em dois gêneros, afirma-se o binarismo do sexo. Ou o indivíduo se encaixa em um gênero sexual, ou em outro.
A história tem demonstrado que as funções de homens e mulheres têm mudado com o tempo. Elas não são naturais, não há uma essência feminina ou masculina. Tudo isso é um posicionamento para controlar a vida das pessoas. Os meninos têm de ser sempre fortes; e as meninas, sensíveis. Mas, para Butler, meninos e meninas são criações artificiais, e aqueles que conseguem entrar no padrão acabam sendo bem-sucedidos, excluindo-se os demais. Esses encaixes beneficiam principalmente os homens.
Questão: Quais as políticas públicas que poderiam colaborar para a superação da desigualdade social entre homens e mulheres?


Filosofia e educação
Escola tradicional: esta escola se origina na ideia de que o professor fala e os alunos aprendem. O esforço maior é o uso da memória, é preciso acumular conhecimentos, decorando nomes, datas, fórmulas e tradições. O professor ensina, o aluno decora, o professor cobra na prova, oferecendo prêmios aos melhores e incentivando a competitividade. Outro lado importante é a disciplina rígida. Ao se comportar mal, o aluno é excluído e punido e não educado, ou seja, não é considerado como aluno a ser orientado tendo em vista mudanças cognitivas e de atitudes.

Escola nova: o aluno é o centro do processo, a partir da compreensão do seu aspecto psicológico. A escolha dos conteúdos visa ao interesse dos alunos. O professor é um facilitador, ele desperta a curiosidade e o aluno sai ao encalço de sua descoberta. O fundamental é a compreensão, e não a memorização dos conteúdos, isto é, aprender fazendo. As avaliações não supõem competitividade, mas cooperatividade. O mais importante é um ajudar o outro. A prática do dia a dia se dá em laboratórios, hortas, passeios, jogos, oficinas e outros. A disciplina é construída em processo de valorização da autonomia, o aluno deve entender que é o protagonista de como alcançar seus objetivos.

Escola técnica: esta escola quer dar ao aluno o suporte para trabalhar na sociedade industrial. Seu objetivo é transformar o estudante em mão de obra qualificada. Seu principal conteúdo é científico e tecnológico, sem tratar com profundidade da subjetividade. O importante é aprender a profissão, ser cobrado objetivamente seu uso. O grande problema desse estilo de escola é a razão instrumental que submete a vida ao mercado. O aluno não é mais uma pessoa, é um funcionário, um técnico ou um profissional.

Educação e emancipação
“É bastante conhecida a minha concordância com a crítica ao conceito de modelo ideal. Esta expressão se encaixa com bastante precisão na esfera do jargão da autenticidade que procurei atacar em seus fundamentos. Em relação a essa questão, gostaria apenas de atentar a um momento específico no conceito de modelo ideal, o da heteronomia, o momento autoritário é imposto a partir do exterior. Nele existe algo de usurpador. É de se perguntar de onde alguém se considera no direito de decidir a respeito da orientação da educação dos outros. As condições – provenientes no mesmo plano de linguagem e de pensamento ou de não pensamento – em geral também correspondem a esse modo de pensar. Encontram-se em contradição com a ideia de um homem autônomo, emancipado, conforme a formulação definitiva de Kant na exigência que todos os homens tenham que se libertar de sua autoinculpável menoridade.
A seguir, e assumindo o risco, gostaria de apresentar minha concepção inicial de educação. Evidentemente, não a assim chamada modelagem de pessoas, porque não temos o direito de modelar pessoas a partir do seu exterior; mas também não a mera transmissão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta já foi mais do que destacada, mas a produção de uma consciência verdadeira. Isso seria inclusive da maior importância política; sua ideia, se é permitido dizer assim, é uma exigência política, isto é, uma democracia com o dever de não apenas funcionar, mas também operar conforme o seu conceito demanda pessoas emancipadas. Uma democracia efetiva só pode ser imaginada em uma sociedade de quem é emancipado.
Numa democracia, quem defende ideais contrários à emancipação, e, portanto, contrários à decisão consciente independente de cada pessoa em particular, é um antidemocrata, até mesmo se as ideias que correspondem a seus desígnios são difundidas no plano formal da democracia. As tendências de apresentação de ideias exteriores que não se originam a partir da própria consciência emancipada, ou melhor, que se legitimam diante dessa consciência, permanecem sendo coletivistas-reacionárias. “Elas apontam para uma esfera a que deveríamos nos opor não exteriormente pela política, mas também em outros planos muito mais profundos.”
ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. Tradução Wolfgang leo Maar. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. p 141-142.

Comentário ao texto
Adorno se refere ao texto de Kant em resposta à pergunta: O que é ilustração? Segundo o qual um homem emancipado é um homem sem guia, isto é, minoridade é viver sem a independência que vem do uso da racionalidade.
O que impede o homem de assumir a sua maioridade é a preguiça e a covardia. Preguiça de ler, de aprender, de pesquisar, de ouvir e de se cansar em busca de uma maneira melhor de viver. Covardia em não enfrentar os problemas, os erros, as decepções, conduzindo à preferência de se manter como uma espécie de criança imatura. Para tudo se necessita de outro dizendo o que se deve ser e fazer.
Para quem perguntamos as coisas fundamentais da vida? Quem é o guia? Algum familiar, como o pai ou a mãe? O professor, o pastor, o padre, o político, o livro, o filme?
A minoridade é uma prisão. A maioridade é a libertação. A liberdade vem a partir do momento em que se assume a racionalidade, a de Immanuel Kant, já utilizada anteriormente.
A escola deve ser o palco do esclarecimento para, então, se tornar geradora de cidadania. O sinal de que isso está acontecendo é o uso público da razão.
Isso significa assumir posições refletidas, o que é diferente do uso privado da razão, que é responder racionalmente a situações corriqueiras, como se calar diante da autoridade.
Quem tem coragem de usar a razão? Quem tem vontade de superar a si mesmo? Quem usa a razão só para não ter problemas pessoais (uso privado da razão)? Quem usa a razão enfrentando o mundo para melhorá-lo (uso público da razão)?
Os oficiais dizem: não questione, pague. Os religiosos dizem: não questione, creia. A televisão diz: não questione, assista, compre e seja. O político diz: não questione, vote.
Entretanto, a pessoa emancipada questiona abertamente, sabe o que quer e precisa disso para ser livre. Ela quer saber o motivo, ela precisa entender para aceitar ou não o que lhe é falado, ordenado. Ela usa os estudos, o raciocínio, a imaginação e a crítica para seguir o seu caminho. Dessa maneira, a melhor escola é aquela que permite questionamentos mais profundos.

Questões
1.       Qual é a diferença do uso privado e do uso público da razão?
2.       Segundo Adorno, o que é educação?

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