E.E "Pedro de Mello" Filosofia - Professor Ednilson

quinta-feira, 14 de junho de 2012

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2- INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA RELIGIÃO – DEUS E A RAZÃO

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2- INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA RELIGIÃO – DEUS E A RAZÃO

O fundamental neste exercício não é debater a existência real de Deus, mas orientar o aluno para a reflexão lógica. Não se trata de uma aula de convencimento ou discussão religiosa. Trata-se, sobretudo, de distinção de argumentos. Um cidadão precisa saber a diferença de uma fala apelativa para sentimentos de uma fala estabelecida pela razão. Dessa maneira, o aluno é convidado a pensar objetivamente os dados da cultura. A oposição clássica entre pensar e sentir deve orientar a introdução à Filosofia da Religião, buscando uma compreensão racional da existência ou não de Deus.e revelando-o como causa do mundo.
Para Platão, não existe apenas um deus criador de tudo, mas existe um responsável pela organização do mundo. Ele seria o Demiurgo – um ser que copiaria o mundo perfeito das ideias na matéria imperfeita. Antes de o mundo existir, havia ideias perfeitas e eternas que foram copiadas na matéria pelo Demiurgo. Embora as cópias não sejam perfeitas, a ação do Demiurgo permitiu tornar o mundo inteligível, por ter ordenado o mundo sensível favorecendo nossa compreensão sobre ele.
Para Aristóteles, Deus seria o primeiro motor, isto é, todas as coisas que se movimentam são movimentadas por outras coisas. As pessoas, os ventos, os mares, as nuvens, as árvores, cada ser no mundo passa do ato à potência, que é o movimento. Mas quem “daria o primeiro empurrão”, quem seria o primeiro motor? No livro Metafísica, a resposta apresentada por ele é Theós – que, em grego, significa Deus. Então, Deus existe porque alguém tinha de começar o movimento sem ser movimentado: um ato puro.

Para Plotino, o mundo é parte de Deus. Imaginemos que a luz é a existência e a falta de luz é não existir. Tudo o que está fora da luz não existe.
1. A lâmpada é a fonte da luz.
2. Tudo o que se pode ver precisa da luz; a luz está nas coisas para que elas apareçam.
3. A fonte da luz é superior ao que ela ilumina. Afinal, sem luz, as coisas não aparecem.

Deus é, assim, a fonte de tudo o que existe; ele é o Uno. Mas as coisas que emanam dessa fonte não se separam dela. Não existe a ideia de que os seres criados possam ser separados do criador, como no cristianismo. Assim como os objetos precisam da luz para aparecer, os seres precisam do Uno, ou Deus, para permanecer existindo; eles estão ligados, unidos, e tudo é parte de Deus. Por isso, quanto mais longe da fonte da luz estiver uma coisa, mais ela será sombria. Da mesma forma, quanto mais longe da fonte da existência, Deus, menor é a força de sua existência.
Por isso, o Uno emana, primeiro, a inteligência; depois, a alma que governa o mundo e, enfim, o próprio mundo material. Cada ser no mundo é um pedaço de Deus, mas Deus é superior a todas as suas pequenas partes. O que está mais longe de Deus é o mundo material, e o que está mais perto de Deus é a inteligência e a alma.
Para a filosofia cristã, a ideia de que o mundo e suas partes emanam de Deus não pode ser fundamentada, porque Deus é puro, homogêneo e não pode ser dividido. Então, quando Ele criou o mundo, o fez separado Dele. Uma ideia bastante difundida nas Igrejas cristãs de diversas denominações – criada pela filosofia cristã – é a de que o mundo não pode ter sido gerado do nada: o mundo veio da criação de Deus, e não do nada; afinal, se algo viesse do nada, ele deixaria de ser nada para se tornar criador.
Como sabemos, por dois motivos, muito se pode falar sobre o conceito de Deus na história da Filosofia. Primeiro, porque esse conceito foi um dos primeiros problemas filosóficos e, segundo, porque muitos sistemas filosóficos dependem desse conceito para seu desenvolvimento. De qualquer forma, as ideias anteriormente esboçadas podem ser consideradas matrizes do problema filosófico de Deus.

Deus não pode ser provado pela razão

Existem algumas provas racionais da existência de Deus. Vejamos, sucintamente, as principais:
1. Todos os povos têm religião; a existência de uma divindade é um consenso universal (consensus gentis).
2. O mundo tem uma ordem e deve haver uma inteligência ordenadora de todas as coisas (São Thomas).
3. Tudo tem uma causa. Tudo que foi causado pode causar outras coisas. Deve haver algo que causa as coisas, mas não foi causado por ninguém. Deus é a causa não causada (Aristóteles).
4. Todas as coisas estão em movimento e movimentam outras coisas. O movimento é a passagem do que é (ato) para aquilo que pode vir a ser (potência). Deve haver um ser que movimenta as outras coisas, mas não é movimentado por nada, o primeiro motor – ou o motor imóvel (Aristóteles).
5. Tudo o que é alguma coisa participa de outra melhor. Por exemplo, algo quente participa do fogo. Cada ser tem um grau de perfeição, como o fogo e o objeto quente. O limite máximo da perfeição é Deus; acima Dele não há nada melhor (São Thomás).
6. Prova de São Thomás de Aquino — Cada ser precisa de algum outro para existir; este ser é chamado de ser possível. Por exemplo, para existir, uma criança precisa de um pai e de uma mãe. O pai e a mãe precisam de outros seres; estes, de outros, e assim por diante. Todas as coisas do mundo precisam de outro ser para existir. Mas há um ser que não precisa de ninguém para existir; a ele nós chamamos de ser necessário. Se todos os seres do mundo precisam de outro para existir, deve haver, portanto, um ser que dê a existência ao mundo e ao mesmo tempo não precise de nada para existir; esse ser necessário é Deus.
7. Prova de Santo Anselmo — Aquilo que nós não conseguimos pensar nada de maior não pode estar apenas no intelecto. Afinal, o intelecto não ultrapassa essa ideia nem a contém. Então, se o intelecto não ultrapassa essa ideia, quer dizer que ela também está fora dele, na realidade. Como um copo que transborda com a água, há água dentro e fora do copo. Deus é o ser que nós não conseguimos pensar nada maior. Por isso, ele não pode ser apenas uma ideia; ele é uma realidade. Para o filósofo Immanuel Kant, cada uma dessas provas é uma prova lógica, apenas racional. Mas nem sempre o que dá certo nas teorias lógicas acontece ou se repete no mundo real: a realidade não é devedora das nossas lógicas.
Nós somos seres que pensamos apenas por meio de categorias limitadas, como tempo e espaço. Qualquer ser real, fora das nossas categorias, não pode ser conhecido, nem podemos provar a sua existência. Só podemos confirmar a existência de alguma coisa fazendo a experiência dela; do contrário, ela é uma suposição lógica, uma hipótese. Para Kant a prova de Santo Anselmo (item 7) incorre nesse erro. Do mesmo modo, a experiência objetiva nos diz que a prova da causalidade (3a) não é uma prova da existência de Deus. Nós sabemos que alguns efeitos têm determinadas causas.
De outros efeitos, não sabemos as causas. Por hipótese, é possível que haja uma causa inicial, mas, por não podermos repetir a experiência inicial, a prova perde seu valor. Novamente, o que é certo na lógica nem sempre é certo na realidade.
Kant disse o mesmo da prova da ordem do mundo (2a). Se pensarmos que o mundo tem uma ordem, podemos certamente supor que haja alguém que tenha ordenado todas as coisas. Por exemplo, se olhamos uma casa bem feita, suporíamos que ali trabalhou alguém. Mas não sabemos quem foi esse alguém. Foi um arquiteto? Um engenheiro? Um pedreiro? Uma mulher? Um homem? Um jovem? Várias pessoas? Ou seja, sabemos que existe o mundo e que existe até mesmo certa ordem, mas quem é o responsável não podemos provar.
Para Kant, a razão humana é limitada em diversos aspectos, reduzindo as possibilidades do nosso conhecimento. Mais ainda, ao procurar suas respostas, Kant não se contentava com jogos de palavras – não basta parecer que se prova, é preciso provar de verdade.
Em sua obra A crítica da razão pura, Kant fez a crítica da razão sem as experiências e as provas da existência de Deus. Em outro livro, A crítica da razão prática, o filósofo procurou entender como funciona a racionalidade objetiva, isto é, envolvida com as experiências e, assim, com a vontade. Então, seria justamente na vontade livre do homem que Kant encontraria a certeza da existência de Deus.
A razão prática se dá na ação do homem no mundo. Essa ação acontece pela condição única de ter uma consciência moral. Essa consciência moral está necessariamente ligada aos objetivos do homem – o que se deseja fazer, a vontade. Se tivermos objetivos, o caminho para eles é a razão deles, o seu dever. Sobre isso, Kant nos lembra que o dever só é bom porque ele é garantido pela liberdade; do contrário, não teria valor.
Se a razão prática compreende os objetivos ideais, então não há diferença entre o ideal e o real; afinal, o dever é real e bom. Ser e dever ser encontram sua síntese: Deus. Deus é o sumo bem. Deus existe porque é nosso dever procurar o bem.
Após a reflexão sobre algumas teorias que buscaram compreender racionalmente a existência de Deus, é interessante que os alunos possam pensar em suas religiões, em suas crenças, conversando entre eles com base nas perguntas:
# Como a existência de Deus é explicada em minha religião?
# O que me levou a acreditar em minha religião?
# E os alunos que não se confessam religiosos, o que pensam dessas questões?

Uniformidade e diferença

“Existem certas ideias de uniformidade que se apossam algumas vezes dos grandes espíritos [...], mas impressionam infalivelmente os pequenos. Eles encontram nelas um gênero de perfeição que reconhecem, porque é impossível não descobri-la: os mesmos pesos na polícia, as mesmas medidas no comércio, as mesmas leis no Estado, a mesma religião em todas as partes. Mas será que isso está sempre correto, sem exceção? O mal de mudar é sempre menor do que o mal de suportar? E não estaria a grandeza do gênio mais em saber em que casos é preciso uniformidade e em que casos se precisa de diferenças?” (MONTESQUIEU. The Spirit of Laws)

É fundamental mostrar a violência dos preconceitos e diferenciar a tolerância da alteridade. Tolerar é suportar a pessoa que é diferente, o que é sempre melhor do que a violência. Alteridade é encontrar no outro, naquilo que muitas vezes não entendemos, uma forma de crescimento próprio; é respeitar e admirar quem não é como nós.

2 comentários:

  1. Oi pessoal!! estude esse texto pois se der tempo vou aplicar uma prova com base nele. Quem quiser fazer um resumo do texto pode. levem na aula em folha separada que eu darei nota extra. valeu!!!

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  2. não entendo como existe filósofos que tem religião

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